Pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida fazem mapeamento que mostra diagnóstico da disposição final de resíduos sólidos urbanos no estado
Um mapeamento feito por pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida evidencia a precariedade com que são tratados os dejetos no Estado do Rio de Janeiro. Dos 92 municípios fluminenses, dez ainda enviam seus resíduos a lixões, também chamados de vazadouros, que representam riscos ao meio ambiente e à saúde pública. A situação se verifica nas cidades de Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaperuna, Natividade, Porciúncula (essas do Noroeste), além de Cordeiro, Resende, Teresópolis e São Fidélis, que produzem 470 toneladas de lixo diariamente.
O estudo foi realizado por pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA). O grupo compilou dados de processos de licenciamento ambiental e fiscalização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Os detalhes da pesquisa devem ser apresentados no próximo congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), marcado para maio.
A pesquisa apontou que 76 municípios fluminenses enviam seus resíduos para 19 aterros sanitários licenciados no próprio estado, dos quais dez são operados por empresas privadas, dois por consórcios e quatro por prefeituras. Ao todo, essas cidades geram e destinam a esses locais aproximadamente 18 mil toneladas por dia, o que representa cerca de 97% do total de resíduos gerados no estado.
Dentre os municípios restantes, seis (Carmo, Duas Barras, Santo Antônio de Pádua, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Varre-Sai) encaminham cerca de 100 toneladas diariamente para operadores de aterros em Minas Gerais.
A meta prevista no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), publicado em 2022, é acabar com lixões no Brasil até 2024. Apesar de passar a sensação de que o problema está sendo equacionado no estado do Rio, o levantamento acende um alerta, explica Carlos Eduardo Canejo, professor do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e um dos idealizadores da pesquisa.
“Aterros sem o devido acompanhamento do órgão ambiental podem virar lixões num piscar de olhos, ainda mais com a pulverização de áreas de destino final”, ressalta Canejo. “Além disso, a decisão de seis cidades em enviar seus resíduos para Minas Gerais mostra a ineficácia de prefeituras e do governo para encontrar soluções para o efetivo tratamento de resíduos no Rio. Ficou mais barato enviar para fora do que tratar localmente. Fora o caso do aterro de São Fidélis, criado em 2013, mas inoperante desde então”, completa.
Para ajudar no planejamento e gestão de aterros controlados, o pesquisador da UVA desenvolveu o Índice de Sustentabilidade Operacional de Aterros Sanitários (Isoas). Composto por cem indicadores, o Isoas analisa características operacionais, sociais e econômicas dos aterros. A expectativa é transpor a solução para um aplicativo, que poderá ser usado por órgãos públicos e operadores privados.
Foto em destaque: Edilson Rodrigues/Agência Senado