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Conclusão de Angra 3 é estratégica para o país, mas impasses continuam atrasando construção

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Conclusão de Angra 3 é estratégica para o país, mas impasses continuam atrasando construção
A Recuperação da Petrobras

Usina nuclear teve obra iniciada na década de 1980 e ainda enfrenta atropelos para que possa gerar energia

Apesar de sua importância estratégica para o Brasil e o Estado do Rio de Janeiro, a usina nuclear de Angra 3 vem sendo construída de forma lenta e com diversas paralisações desde a década de 1980. Sua conclusão é fundamental para a segurança energética nacional e certamente contribuirá com a retomada da indústria fluminense, mas nas últimas décadas o projeto vem sofrendo com a falta de recursos e uma série de entraves com a Justiça. O último impasse envolveu o Poder Municipal, que aponta mudanças no plano urbanístico, mas há incertezas ainda com relação a seu financiamento pelo BNDES.

Uma das principais razões para a priorização do projeto são as limitações da produção energética por fontes hídricas, que tendem a perder potencial nos períodos de seca. A estiagem foi a causa preponderante do racionamento de energia em 2001 e de muita preocupação durante a década seguinte, que só não repetiu apagões e cortes no fornecimento pela queda na atividade econômica. Portanto, não é à toa que a energia nuclear é apontada como fundamental para o crescimento sustentável brasileiro. Está associada a uma visão de planejamento e previsibilidade de geração.

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Energia nuclear pode ajudar no maior equilíbrio do sistema elétrico como um todo

Mas não são apenas fatores econômicos que estão revalorizando a energia nuclear. Por não emitir CO2 na sua geração, esse processo vem sendo considerado uma alternativa mais benéfica ao meio ambiente do que, por exemplo, as termelétricas a gás natural ou diesel. Mesmo sem uma solução definitiva para o problema do lixo nuclear, a necessidade urgente de se combater o aquecimento global reabilita a produção a partir da fissão atômica.

Mesmo com todos esses fatores e de ser um dos projetos de maior envergadura do país, a construção foi paralisada em abril por decisão da Justiça a pedido da Prefeitura de Angra dos Reis. O Poder Municipal alegou alterações feitas no plano urbanístico e seu pedido foi prontamente atendido, interrompendo os trabalhos no canteiro de obras. A construção tinha sido retomada no ano passado, depois de uma paralisação que durou sete anos. Um acordo entre as partes está permitindo finalmente a retomada do projeto.

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As três usinas nucleares de Angra dos Reis podem dar autossuficiência energética ao Rio

Além desse contratempo, o projeto enfrenta outro impasse, que é seu financiamento. Seriam necessários R$ 20 bilhões para a conclusão da obra, que na melhor das hipóteses ocorreria em 2028, para início das operações em 2029. O governo federal conta com o aporte do BNDES, mas os estudos para a liberação de empréstimo por parte do banco público ainda não foram concluídos. O cálculo da tarifa é ó nó górdio da questão, pois o custo do megawatt/hora pode até dobrar com relação a Angra 2 devido aos custos com os atrasos na construção. Ou seja: as paralisações só causam prejuízos ao país e tornam os projetos mais caros, mas há pouca hesitação na hora de interromper um empreendimento em vez de soluções não prejudiquem o interesse público.

O governo Lula tem feito acenos para o setor nuclear e tem a construção de Angra 3 como uma de suas prioridades. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou em audiência na Câmara dos Deputados no dia 3 de maio que ainda não há consenso no governo com relação ao valor da tarifa. No entanto, há demonstrações de que não só esse como outros investimentos ligados ao setor devem ser destravados.

 “Toda uma modelagem está sendo construída pelo BNDES, porque essa usina terá geração constante, e temos que alcançar o equilíbrio entre segurança energética e modicidade tarifária”, declarou o ministro.

O projeto também ganhou relevância durante a realização da Nuclear Trade & Technology Exchange (NT2E) deste ano. A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, garantiu em sua participação no evento que a Eletronuclear receberia o aporte de R$ 1,3 bilhão para recompor o orçamento da estatal e acelerar a construção de Angra 3 ainda este ano. 

“Isso faz parte de um processo de reconstrução dos instrumentos e desenvolvimento brasileiro. Principalmente o fortalecimento das empresas estatais. Tínhamos um projeto que estava parado, e que gera um potencial enorme de desenvolvimento produtivo e tecnológico, então, recentemente concordamos que estava na hora de liberar os recursos para isso. Faz parte desta estratégia, de retomada dos projetos de investimento no Brasil, principalmente aqueles com grande potencial tanto associado a uma transição energética, quanto de desenvolvimento produtivo. E precisamos terminar o que já foi iniciado há tanto tempo e completar esse processo”, declarou a ministra em entrevista à revista “Conexão Nuclear”.

A importância estratégica da exploração da energia nuclear tem outro aspecto que não pode ser desprezado. O Brasil é um dos raros países que possuem reservas de urânio em seu território e simultaneamente dominam o ciclo de enriquecimento do mineral até seu aproveitamento como combustível, mesmo que condicionado a uma finalidade pacífica. Além do país, somente Rússia, China e Estados Unidos reúnem essas condições. Se for levado em conta o volume de reservas, a vantagem brasileira aumenta mais ainda, pois atualmente em jazidas conhecidas o país ocupa a sétima colocação, com possibilidade de chegar rapidamente à terceira a partir do avanço nas pesquisas do subsolo. Os americanos ainda são dependentes da importação do mineral para suas usinas.

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INB, em Resende, precisa expandir sua capacidade de produção de combustível nuclear

O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, explica que concluir Angra 3 vai possibilitar não só tornar o Estado do Rio autossuficiente em energia, mas também estimular toda uma cadeia industrial. No esteio desse projeto está o fornecimento de equipamentos e as obras civis, que podem gerar até 7 mil empregos. Por outro lado, a partir do início de usa operação, será viabilizada economicamente a expansão da produção da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), que funciona em Resende. A ideia é que essa unidade se torne até exportadora de urânio enriquecido. Nesse processo, saem favorecidos também os estados da Bahia e do Ceará, onde há extração do mineral. 

“É uma questão de política de Estado. As fontes renováveis de energia como a eólica e a solar ainda são muito dependentes da importação de equipamentos. Com o desenvolvimento da energia nuclear, temos condições de ampliar as encomendas para a indústria nacional e alavancar o desenvolvimento do país”, defende Celso Cunha.  

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Energia nuclear pode contribuir com o combate ao aquecimento global. Crédito: Pixabay
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