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Terras raras representam grande potencial econômico, mas Brasil o desperdiça

Crédito: Creative Commons
Terras raras representam grande potencial econômico, mas Brasil o desperdiça
Neoindustrialização do Brasil

País tem a terceira maior reserva conhecida desses elementos, mas precisa aprimorar exploração, que pode incentivar diversas cadeias produtivas

Apesar de possuir a terceira maior reserva conhecida de terras raras do mundo, o Brasil tem não só uma reduzida participação na exploração desses elementos, como os importa para sua cadeia produtiva. A discrepância é ainda mais prejudicial, se for levado em conta que esses componentes servem de matéria-prima para produtos de alta tecnologia ou cuja demanda vem aumentando em virtude da transição energética. Por serem, portanto, estratégicos para o desenvolvimento nacional deveriam ter recebido investimentos no passado, que agora se refletiriam numa produção em maior escala. No entanto, apesar do atraso, há motivos para maior otimismo diante de anúncios de futuros de aportes de recursos para o segmento.

O termo terras raras é atribuído a 17 elementos químicos presentes nos minérios, que receberam essa denominação por serem de difícil extração. Por suas propriedades, entretanto, estão cada vez mais sendo úteis na indústria para a fabricação de produtos eletrônicos, lâmpadas de LED, componentes de carros elétricos, peças para torres eólicas, entre outras. Estão associados a fatores como magnetismo, absorção e emissão de luz. 

Terras raras representam grande potencial econômico, mas Brasil o desperdiça
Terras raras contêm 17 elementos. Crédito: Creative Commons

Apesar de sua enorme importância e de o país já ter comprovado a presença no subsolo de cerca de 21 milhões de toneladas de terras raras, o potencial não é devidamente aproveitado. A exploração desses elementos está atualmente concentrada na China, responsável por 87% da produção mundial. O país asiático se beneficia dessa absoluta liderança não só exportando parte do seu excedente, mas principalmente na utilização dos materiais em sua indústria. Hoje ela praticamente monopoliza a produção de super ímãs, usados na fabricação de motores para carros elétricos, uma vantagem estratégica e tanto, em vista da descarbonização dos transportes.

Apesar do atraso do Brasil na exploração de terras raras, o aquecimento da mineração no país tende a mudar esse quadro. Sinal disso foi o anúncio da multinacional Aclara Resources de um investimento de pelo menos R$ 2,5 bilhões para a extração no município de Nova Roma, em Goiás. A empresa chilena já atua no mesmo estado, onde  tinha encontrado depósitos de disprósio, térbio, neodímioi e praseodímio.

Outro investimento importante recente foi o do Projeto Caldeira, a cargo da Meteoric Resources, em Poços de Caldas (MG). Foram anunciados recursos na ordem de R$ 1,5 bilhão para serem aplicados nos próximos anos, com previsão de geração de 500 empregos diretos e 1,5 mil indiretos.

Atualmente, existem estudos de viabilidade de mineração em execução em Araxá-MG, Morro do Ferro-MG, Serra Verde-GO, Pitinga-AM, Foxfire-BA e Energy Fuels-BA. Já o projeto em Poços de Caldas tem previsão para entrar em operação em 2026. A expectativa é que o Brasil em pouco tempo fique entre os cinco maiores produtores nesse setor.

“O Projeto Caldeira é promissor, assim como tantos outros que temos em estudo no país. Em poucos anos, podemos estar entre os três maiores produtores de terras raras do mundo. Será um movimento importante para reduzir dependência internacional do minério”, afirmou Vítor Saback,  secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia.

Além de pesquisas para a exploração mineral, o país precisa investir em tecnologia de separação dos elementos químicos. O Brasil já teve destaque nessa área em décadas passadas quando foi um grande produtor de monazita, que contém também tório e urânio. 

Deve contribuir para a nova fase da exploração de terras raras no país, o resultado de pesquisas feitas por universidades. O Instituto de Química da USP desenvolveu uma técnica com base na nanotecnologia de hidrometalurgia magnética, que simplifica e barateira o processo de separação. Ela consiste na captura das terras raras a partir do uso de nanopartículas magnéticas modificadas. 

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Área de exploração mineral da Mineração Serra Verde

Outro avanço significativo foi obtido pela empresa de Mineração Taboca S.A, que criou o Laboratório de Hidrometalurgia do Amazonas, em parceria com o governo do estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). A nova estrutura está sendo responsável pela capacitação de pesquisadores para a busca de aprimoramentos na extração dos minerais estratégicos para a produção de ligas metálicas, para atender à crescente demanda no mercado nacional e internacional.

“O problema é que se conhece muito pouco dos depósitos de terras raras no Brasil e muitos deles são definidos com base em dados limitados, que sequer são tornados públicos. Para termos certeza do potencial, bilhões de dólares serão necessários e isso não deve ocorrer num prazo menor que 10 anos”, aponta Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo, presidente do conselho da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

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