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Drones ganham versatilidade e viram peças-chave em diversas atividades

Drones ganham versatilidade e viram peças-chave em diversas atividades
Um Projeto para a Reconstrução do Brasil

Aeronaves estão cada vez mais presentes na Agricultura, na Logística e em várias formas de monitoramento

Ainda está distante o tempo em que as famílias vão receber a encomenda de uma pizza diretamente pela janela de casa, transportada por um drone. No entanto, esses aparelhos voadores estão se tornando cada vez mais versáteis e úteis para uma série de atividades, inclusive para a logística de entregas de comida em domicílio. Mesmo que não tenham chegado à entrada das casas, já estão aproximando restaurantes de pontos de distribuição, bem como transportando todo tipo de produto. A utilidade das aeronaves inclui também vistorias, monitoramento, combate a pragas e incêndios e até na segurança começam a ser indispensáveis, ajudando na expansão de uma nova indústria.

Um dos motivos para o rápido crescimento do uso de drones no Brasil são os gargalos de logística de transporte, devido à dependência do modal rodoviário em um território continental e acidentado. Os engarrafamentos no trânsito das cidades e até em algumas rodovias mais movimentadas também são estímulos para essa alternativa aérea. Por isso, foi mais do que emblemático o início da operação com drones pelo aplicativo de entrega de comida iFood, com autorização da Anac.

Depois de voos experimentais, a empresa Speedbird, com sede em Franca (SP), passou a realizar entregas frequentes para esse app. Segundo o CEO da empresa, Manoel Coelho, em alguns trajetos a economia de tempo é enorme, pois o acesso a bairros mais isolados passou a ser bem mais fácil pelo ar. As refeições são descarregadas em um droneport, de onde saem as entregas efetivas. Mas a empresa também tem atendido a diversas demandas, inclusive do setor farmacêutico, que encontra nesse meio maior segurança para cargas mais sensíveis.

Na nossa visão, existe a maturidade hoje maior com relação às regulações das áreas de decolagem e pouso. Temos o desafio de estruturar a plataforma de gestão de tráfego aéreo de aeronaves não tripuladas, que deve ser implementada pela Anac para ter dezenas ou centenas de drones voando, que também precisa ser integrada ao monitoramento dos demais voos”, afirma Coelho.

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Drone da XMobots entregue ao Exército para monitoramento. Crédito: Exército Brasileiro.

Outra empresa brasileira que está alçando voos altos no setor é a XMobots, também do Interior paulista. A fabricante tem como principal demanda o agronegócio, setor que vem aplicando essa tecnologia de forma intensa para mapeamento (levantamentos topográficos, geração de curvas de nível e mapas para avaliação da saúde da lavoura, identificação de falhas de plantio, análise de zonas de manejo, entre outros) e principalmente para a pulverização. Os drones agrícolas para aplicação de insumos caíram no gosto do agricultor, e hoje esta tecnologia está absolutamente validada no campo. Mas a empresa também atua nas áreas de logística, mineração, segurança e gestão de tráfegos. Entregou em dezembro do ano passado um sistema composto por três aeronaves e outros equipamentos ao Exército Brasileiro, que pela primeira vez vai dispor de monitoramento por aparelhos remotamente pilotados para o monitoramento de fronteira.

Segundo a empresa, os drones já são bastante empregados para realizar a volumetria precisa de uma pilha de minérios ou de bagaço de cana, uma tarefa que pelos métodos tradicionais exigiria que uma pessoa subisse no topo, por exemplo. São diversas as atividades que estão sendo feitas com mais segurança e acurácia pelos aparelhos

Em levantamentos ambientais ou obras da engenharia civil, muitas vezes os profissionais de topografia arriscam suas vidas entrando em áreas perigosas e de difícil acesso, o que pode ser evitado com os drones. Na atividade policial, por exemplo, o drone pode substituir o olhar humano em situações de risco e áreas de alta vulnerabilidade. Na pulverização, muitos plantios em áreas problemáticas, como o café de montanha, por exemplo, exigia a presença de trabalhadores com pulverizador costal, algo totalmente insalubre e perigoso para a saúde. Então não há dúvidas que os drones trazem mais segurança para diferentes aplicações”, ressalta Thatiana Miloso, gerente comercial da XMobots.

Matheus Tavares, assessor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, vinculado à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), explica que para a operação de drones no campo há regras rígidas a seguir, criadas principalmente pela Anac e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No entanto, a procura por cursos à distância e presenciais oferecidos pelo serviço tem sido crescente. Estão disponíveis em sindicatos rurais espalhados do país e o motivo para tanto interesse dos agricultores é a economia e a eficiência que trazem para o cultivo.

Com esses aparelhos, fica muito mais fácil monitorar a propriedade, observando por exemplo pequenos focos de incêndio, perdas de animas, fertilidade do solo, entre muitos outros incidentes. Para a aplicação de pesticidas, o uso dos drones permite um uso mais direcionado, gerando maior segurança para os empregados e menores danos ambientais.

Eles são normalmente equipados com câmeras e GPS, que têm diversos benefícios. As imagens e dados coletados são processadas e transformadas em informações que ajudam o agricultor a tomar as melhores decisões”, explica Tavares.

A Eletrobras e suas subsidiárias já usam drones para inspeções em linhas de transmissão, o que gera benefícios para o sistema elétrico como um todo. Afinal, esses aparelhos facilitam a verificação da segurança dos cabos e torres. Segundo a empresa, eles “são utilizados para se observar de mais perto todas as estruturas associadas a linha de transmissão verificando com detalhes o estado de cada uma destas estruturas, verificando a possível necessidade de manutenção. Também através do uso destes drones acompanha-se o envelhecimento de cada um dos componentes de forma muito mais precisa”. As empresas Eletrobras também têm utilizado drones para inspeção em barragens, aumentando a eficiência das verificações.

São fatores que levam a uma maior segurança também para trabalhadores, que são dispensados de missões de maior risco, como subir numa torre para a visualização de perto de uma estrutura. Os objetos voadores dão maior precisão a todo o trabalho.

Na prática, o país todo ganha com esse avanço tecnológico, pois há vantagens no menor número de interrupções na transmissão. Da mesma forma, pode ganhar também com a eficiência prometida no monitoramento de acidentes envolvendo plataformas de petróleo. É o que o promete o uso do Ariel, (acrônimo para Autonomous Robot for Identification of Emulsified Liquids), um drone desenvolvido totalmente por pesquisadores da Coppe/UFRJ. O sistema combina embarcação autônoma, veículo aéreo não tripulado (drone) e informações via satélite. 

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Drones auxiliam na agricultura. Crédito: Anton Trava/Pexels.

Ele carrega uma câmera visível e térmica para detecção de manchas de óleo. O drone funciona em conjunto com informações de satélite e um barco. Esse conjunto permite localizar vazamentos de óleo com mais precisão e avaliar a dispersão da mancha. As equipes vão trabalhar com mais rapidez, segurança e certeza na limpeza. O tempo de resposta será muito menor”, conta o pesquisador Alessandro Jacoud, coordenador do projeto.

Mas nem sempre o uso de drones está livre de polêmicas e questionamentos. Seu emprego cada vez mais comum em guerras, como vem ocorrendo na Ucrânia e no Iêmen ou na guerra contra o terrorismo empreendida pelos Estados Unidos, está longe de ser um trabalho cirúrgico e limpo como prometido. Infelizmente, aparelhos voadores não tripulados equipados com armas estão também vitimando civis inocentes. 

São fatores que tornam difícil o emprego deles com armas em áreas urbanas, mesmo controladas pela polícia, que tem se aproveitado deles para tarefas de monitoramento. Mas não é à toa, portanto, que eles estão ganhando cada vez mais lugar nos céus do Brasil.

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