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Engenheiros gaúchos se unem para melhorar condições de vida dos mais pobres

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A Recuperação da Petrobras

Programa SENGE Solidário está há três anos levando conhecimento técnico aos mais necessitados do Rio Grande do Sul

Reduzir as desigualdades sociais do país é uma obrigação do poder público que pode ser em grande parte facilitada e acelerada se a sociedade civil contribuir através de ações voluntárias. Diante dos graves problemas vividos pela população carente e da falta de condições dos governos de solucioná-los de imediato, o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS) resolveu “pôr a mão na massa” e criar há cerca de três anos um grupo incumbido da missão de prover os mais necessitados com serviços que seriam inacessíveis a eles pelos mecanismos de mercado e também pelas insuficientes políticas públicas. Criaram assim o programa SENGE Solidário, que leva benefícios proporcionados pelo conhecimento técnico a que mais precisa. Nesse período, o projeto já trouxe vigorosos resultados, que foram mostrados em uma palestra feita pelo engenheiro Luiz Antonio Grassi, um dos coordenadores, ao Humanidades na Engenharia.

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Grassi conta que a pandemia motivou bastante a iniciativa. Ela, entretanto, não deixa de ser um desdobramento de muitas lutas travadas pelo sindicato no passado. A entidade, ao longo de sua história, sempre se posicionou a favor dos movimentos democráticas, de forma apartidária, e cumprir uma missão social num momento de extrema dificuldade foi mais uma atitude de coerência. Mas o que surpreendeu os diretores e demais voluntários do projeto foi a quantidade e diversidade de demandas levadas por associações muitas vezes de caráter urgente.

Uma das primeiras necessidades prementes que precisaram ser resolvidas foi o acesso a internet por parte de moradores da periferia. As crianças tinham dificuldade em acompanhar as aulas online e levar conexão a essas comunidades foi um dos primeiros desafios. Em vários pontos do território gaúcho, os engenheiros ajudaram também na criação de hortas comunitárias, que complementam o sustento das famílias mais pobres.

 “Muito mais do que um ato filantrópico, o objetivo é de nos colocarmos à disposição. Temos uma missão bem sistematizada: disponibilizar os conhecimentos da Engenharia para os setores da sociedade que não têm acesso a esse produto social, garantido o acesso à técnica de forma abrangente e não excludente”, explica Grassi.

A Engenharia é uma atividade fundamental para todos viverem em condições de segurança e para a melhoria da qualidade de vida, mas nem todos podem pagar por esse auxílio. Não é à toa que o SENGE Solidário vem recebendo muitos pedidos de pessoas de baixa renda que precisam de um laudo estrutural sobre as condições de uma edificação ou mesmo de um muro. Esse trabalho proporcionou gestos generosos em locais periféricos que podem até ter salvado vidas. 

É também admirável como o apoio do conhecimento técnico de profissionais ajudou no acesso à água potável por parte da comunidade do Morro da Cruz, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Os moradores precisavam de uma solução para a instalação de caixas d´água e os engenheiros voluntários bolaram uma estrutura fácil de montar para sustentar os recipientes. 

No entanto, a incursão em locais mais carentes requer muito mais do que conhecimentos técnicos. É uma troca de experiências e um processo de aprendizado, que tem fortalecido articulações, laços de amizade e superado desconfianças. Durante a palestra, Grassi exibiu depoimento de mestra griô Maria Elaine Espíndola, que revelou ter visto a princípio com temor a aproximação de grupo de engenheiros. O programa do SENGE-RS atuou em vários quilombos gaúchos, como o dela, onde o medo da remoção ainda existe.

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Sede a Apae foi beneficiada com painel de energia solar

O conselheiro do Clube de Engenharia José Stelberto Soares ressaltou que experiências semelhantes no Rio de Janeiro enfrentaram dificuldades e acabaram sucumbido em virtude da violência e até sofreram críticas de profissionais que são contra o trabalho voluntário não remunerado, como se uma ação social tirasse empregos da categoria. Grassi contou que o programa não passou no Sul pelos mesmos percalços, mas admitiu que por enquanto as ações ocorrem em comunidades menores, sem tantos problemas de violência.

“No dia a dia da profissão e no exercício da profissão temos que ter esse olhar da função social. Somos cidadãos políticos e não podemos deixar de lado essa dimensão. Não é só o sucesso individual que importa”, afirmou Grassi, que também procura parcerias para o programa, que já conta com o apoio da organização Engenheiros Sem Fronteiras.

O conselheiro do Clube Carlos Ferreira elogiou o programa e defendeu que ações semelhantes se espalhem pelo país. “O programa enche o coração da gente de esperança, de uma solução para a humanidade, em meio a guerras, cisões por ódio e surge uma coisa linda como essa. Que sirva de semente para outras entidades venham a atuar dessa forma”, declarou Ferreira.

A vice-presidente do Clube, Maria Alice Ibañez Duarte, ressaltou que o fato de engenheiros exercitarem seu papel social e usaram seus conhecimentos para servir as comunidades é motivo de orgulho. “Tenho certeza cristalina de que esse evento vai contribuir como motivação adicional para a humanização ainda maior da nossa prática profissional. Essa experiência do SENGE-RS vai repercutir e contribuir para formação de rede de apoio solidário para a nossa população, carente dos serviços mais básicos”, concluiu Maria Alice.

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