Clube de Engenharia
Fundado em 1880

O que você procura?
Revista
Autores
Categorias
Subcategorias
Tags
Fórum Permanente de Mobilidade Urbana propõe melhorias para os pedestres no Rio

Fórum Permanente de Mobilidade Urbana propõe melhorias para os pedestres no Rio

Fórum Permanente de Mobilidade Urbana propõe melhorias para os pedestres no Rio
A Recuperação da Petrobras

Grupo de Trabalho propõe melhores condições de conservação, acessibilidade, sinalização, entre outras medidas para garantir deslocamentos a pé de qualidade em toda a Região Metropolitana

Andar a pé faz bem à saúde, ajuda no combate a diversos males físicos e mentais e é uma forma de deslocamento de baixo impacto ambiental. Mas os pedestres não costumam encontrar facilidades em seus trajetos. Calçadas esburacadas, desniveladas, obstáculos nas travessias e falta de planejamento e manutenção estão entre os principais problemas dos passeios. Em virtude desse quadro caótico, a Divisão Técnica de Transportes e Logística (DTRL), do Clube de Engenharia, em conjunto com o Fórum Permanente de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, elaborou um documento com propostas para a melhoria dessa infraestrutura urbana, atualmente em situação precária.

As propostas receberam a aprovação do Conselho Diretor do Clube por estarem embasadas em princípios constitucionais, em diretrizes internacionais de sustentabilidade e em normas técnicas consolidadas. O Grupo de Trabalho Calçadas elaborou dez princípios que deveriam nortear as  políticas públicas na região para atender às necessidades de deslocamento a pé dos cidadãos. Entre as medidas recomendadas, está a de transferência para as prefeituras da responsabilidade sobre a construção e manutenção dos passeios, o que na maioria dos logradouros recai sobre os proprietários dos imóveis, sejam prédios ou casas. 

O texto também preconiza a aprovação pela Câmara Municipal do Rio do Projeto de Lei 62/2017, que institui o Estatuto do Pedestre na cidade. Com isso, o município se equipararia a outros que já estabeleceram parâmetros legais que asseguram os direitos de quem faz seus deslocamentos a pé, como São Paulo e Porto Alegre. O grupo defende a adequação da legislação local aos princípios da Lei Federal 12.587/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que, entre outros aspectos, inclui os passeios na infraestrutura da mobilidade. As medidas também podem ser aceleradas com a aprovação pelo Congresso Nacional da proposta de Estatuto do Pedestre em âmbito federal.

Fórum Permanente de Mobilidade Urbana propõe melhorias para os pedestres no Rio forum permanente de mobilidade urbana propoe melhorias para os pedestres no rio forum permanente de mobilidade urbana propoe melhorias para os pedestres no rio 1
Calçada na Rua General Glicério, em Laranjeiras, é raro exemplo de boa conservação. Crédito: Creative Commons

Mesmo que por limitações orçamentárias prefeituras não tenham condições de assumir integralmente as obras das calçadas, o grupo compreende que no mínimo deveria prestar assessoria técnica para condomínios ou proprietários individuais na realização delas, obedecendo a normas técnicas. Essa desobrigação do poder público evitou gastos, mas criou uma situação que beira o abandono. Na prática, as calçadas na melhor das situações acabaram remendadas, mas com alterações de nível e de tipo de material de calçamento, quando não estão literalmente esburacadas. Imóveis abandonados ou desocupados acabam com a calçada em frente em pior estado ainda.

Com isso, caminhar na cidade virou uma gincana, principalmente para cadeirantes, gestantes, pessoas com carrinhos de bebê e idosos. Não é necessidade desprezível, tendo em vista o notório envelhecimento da população. Só no Rio de Janeiro, a população acima de 60 anos cresceu 47% nos últimos dez anos. Há também de se destacar o fato de o Brasil ter cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência

“A prioridade é que as prefeitura façam cumprir suas regras e padrões de calçadas. É preciso que todas tenham boas condições de manutenção, obedeçam a uma geometria adequada, tenham boa iluminação e arborização”, afirma o engenheiro Raul Lisboa, que faz parte do GT.

Fórum Permanente de Mobilidade Urbana propõe melhorias para os pedestres no Rio forum permanente de mobilidade urbana propoe melhorias para os pedestres no rio forum permanente de mobilidade urbana propoe melhorias para os pedestres no rio
Calçada em Vila Isabel esburacada e estreita demais pode provocar acidentes. Crédito: Reprodução

O documento ressalta a importância da garantia do direito de ir e vir aos portadores de deficiência, que não podem ser excluídos da mobilidade. O problema é mais grave nas travessias, que deveriam dependendo do caso ser até elevadas para facilitar a locomoção universal. Segundo o grupo, é indispensável também que as calçadas tenham uma largura mínima para garantir a circulação e permanência das pessoas. Grande parte desses critérios estão previstos, por exemplo, no Caderno Calçadas Cariocas, instituído em 2019 no Rio, mas nunca de fato implementado.

“Sejam adotadas as medidas necessárias a tornar os caminhamentos de pessoas em vias públicas rigorosamente seguros, confortáveis e autônomos, através de calçadas e passeios bem pavimentados, iluminados, drenados, arborizados, limpos, desobstruídos, dotados de vegetação e de mobiliário urbano apropriado”, diz um dos pontos do documento.

Mas o respeito aos direitos dos pedestres não é importante apenas para uma locomoção confortável. Garantir o deslocamento seguro das pessoas que andam a pé pelas vias urbanas é um princípio que vai ao encontro da prevenção contra acidentes e até tende a salvar vidas. Lamentavelmente, os atropelamentos são a principal causa de morte (35%) no trânsito da Região Metropolitana do Rio, sendo que 44,7% das vítimas têm acima de 60 anos. É um problema que pode ser bastante combatido com investimento em sinalização adequada. Dar atenção especial ao entorno das escolas é, por isso, indispensável. A redução da velocidade máxima a 30 km/h nesses locais é o mais aconselhável, de acordo com o GT.

“Os entornos das escolas sejam indiscutivelmente mais seguros, saudáveis e lúdicos, através de uma combinação de ações que promovam a redução de velocidades, a ampliação das calçadas, o tratamento de travessias e as medidas necessárias para assegurar a acessibilidade universal”, ressalta outro trecho do documento. 

Parte das melhorias requer de fato investimentos, como investimentos até na drenagem das vias públicas, que quando alagadas impedem a passagem das pessoas. Há de se ter também melhor planejamento em locais de grande circulação, como os corredores comerciais, que precisam de uma devida separação entre espaços para serviços e áreas de passagem livre para pedestres, por exemplo. Mas são gastos que implicam melhor qualidade de vida e estimulam o desenvolvimento econômico. O pontapé inicial de uma Região Metropolitana mais acolhedora para seus moradores já foi dado. 

“Esperamos que o documento sirva de base para o debate público e para as ações que venham a ser implementadas no sentido de melhorar as condições de mobilidade para os pedestres”, defende a professora e comunicadora Tatiana Murillo, que também faz parte do grupo.

Print Friendly, PDF & Email

Recomendado

Próximos Eventos

  • Anuncie Aqui

  • Se você viu, seu cliente também verá!

  • Fale Conosco

    Print Friendly, PDF & Email
    Enviar Carta
    Inscrição