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Nova ordem mundial cria oportunidade de reformulação para o Brasil

Reunião de líderes dos Brics na África do Sul. Crédito: Ricardo Stuckert/PR
Nova ordem mundial cria oportunidade de reformulação para o Brasil
Neoindustrialização do Brasil

Especialista em geopolítica defende novos rumos para o país em novo cenário multipolar

Com o fim da Guerra Fria, muitos analistas geopolíticos previram que o mundo viveria uma nova ordem com domínio absoluto dos Estados Unidos e das suas demais potências aliadas na Europa Ocidental. No entanto, as últimas décadas deram ensejo para um desenho mais inesperado do cenário global com a emergência novos países polarizadores e com capacidade de enfrentar os americanos em diversos campos econômicos. Essa nova realidade vem sendo chamada de multipolaridade e exige do Brasil um posicionamento condizente e mais altivo, conforme demonstrou o professor da Escola Superior de Guerra (ESG) Ronaldo Gomes Cremona, em palestra para o Conselho Diretor do Clube de Engenharia.

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Palestra para o Conselho Diretor do Clube de Engenharia

Na análise de Carmona, que é mestre e doutor em Geografia Humana pela USP e coordena o Núcleo de Defesa e Segurança Internacional do CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), na nova ordem mundial as forças não são medidas mais preponderantemente pelo poderio militar, mas sim pela capacidade de inovação tecnológica. Esse seria o terreno segundo ele em que se dariam as novas batalhas por hegemonia no planeta.

Essa nova configuração traz para o Brasil um desafio e uma oportunidade. É um momento de necessidade de reflexão sobre o potencial do país e de reformulação da estratégia de desenvolvimento, com identificação de áreas em que a capacidade brasileira tem condições de criar produtos competitivos, mas também de reforço da coesão nacional.

“Há uma disputa por supremacia, por poder mundial, por hegemonia, diferente da disputa clássica da Guerra Fria, que era uma disputa mais marcadamente ideológica, ou seja, uma disputa pela expansão ou pela exportação do seu sistema político e social. Essa moldura sistêmica, digamos assim, que a gente vê no cenário Internacional, do ponto de vista do chamado Sul Global e especialmente do Brasil, é um cenário bastante interessante, uma vez que é um cenário que tende, portanto, à multipolarização e à existência de variados polos de poder”, ressaltou Carmona.

Nesse novo ambiente geopolítico, as condições naturais do Brasil podem representar vantagens competitivas, na medida em que o território tem extraordinária capacidade de produção de alimentos, biodiversidade que tende a estimular a bioeconomia e recursos minerais que também são matérias primas para a indústria tecnológica. A estrutura de centros de pesquisas e instituições acadêmicas, com seus laboratórios, são outro pilar já iniciado. No entanto, para o país entrar em processo de neoindustrialização, o investimento em inovação em setores chave é fundamental.

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Professor Ronaldo Gomes Cremona

“Olhando as três revoluções industriais anteriores, podemos afirmar que essa disputa deriva do fato de que quem dominar a base técnica, ou seja, a base tecnológica inovativa dessa quarta revolução industrial se estabelecerá em condições singulares para o domínio em escala mundial. Não é à toa que a questão da proteção das economias nacionais voltou com enorme força”, destacou o palestrante.

Carmona também analisa a capacidade de reação dos Estados Unidos diante da ascensão de outras potências como a China e a Rússia e avalia que a possibilidade de Washington buscar uma reviravolta, puxando para seu espaço a liderança da corrida tecnológica, não é desprezível. O aumento dos conflitos no mundo, principalmente através das chamadas “guerras por procuração”, em que a principais potências não estão diretamente envolvidas, é outro fato relevante. Pode até levar a um acirramento maior e a um enfrentamento mais direto entre esses potentados.

“Não podemos falar que a suplantação dos Estados Unidos pela China é um dado da realidade, até porque os Estados Unidos reúnem grande capacidade de manobra. Aliás, é rigorosamente desde o governo Obama que os Estados Unidos buscam, digamos assim, recompor a sua capacidade, especialmente industrial. Eles manobram no sentido de reverter uma tendência à suplantação. Especialmente, no âmbito dessa convocação sistêmica, a busca por limitar o desenvolvimento do projeto nacional chinês”, avalia o professor.

Assista à palestra:

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