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Projeto de extensão da UFRJ dá há dez anos lições de como a Engenharia pode ser aliada do desenvolvimento socioambiental

Diretor do Nides, Felipe Addor
Projeto de extensão da UFRJ dá há dez anos lições de como a Engenharia pode ser aliada do desenvolvimento socioambiental
A RETOMADA DA ENGENHARIA NACIONAL

Diretor do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides), Felipe Addor, participa do projeto Humanidades na Engenharia e explica como departamento interage com as comunidades 

Desde que foi criado, há cerca de dez anos, o Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides), vinculado ao Centro de Tecnologia da UFRJ, tem quebrado diversos paradigmas no campo das áreas de Ciências Exatas. Fundado como um projeto de extensão, acabou unindo ensino e pesquisa em seus projetos. Mas sua maior contribuição foi o foco no impacto social e ambiental de suas iniciativas, que receberam contribuições de pesquisadores de diversas especialidades, inclusive Humanas. Foram avanços apresentados pelo diretor, o engenheiro Felipe Addor, que participou do projeto Humanidades na Engenharia, do Clube.

Ao contrário do ensino voltado para as aplicações nos grandes empreendimentos empresariais, a atividade do Nides é voltada para colocar a Engenharia a serviço de processos econômicos mais justos e inclusivos. Assim, os participantes dos nove projetos já desenvolvidos no setor da UFRJ já ajudaram pessoas de comunidades cariocas a produzirem seu próprio sabão ou fazer hambúrguer a partir da carne de jaca, por exemplo. Os conhecimentos técnicos também foram úteis para integrantes de um assentamento na Baixada Fluminense, através de apoio para obras de saneamento ecológico e estudo de viabilidade de cada produto agrícola.. 

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Projetos do Nides envolvem a educação e o diálogo com as comunidades

São mudanças de paradigma não só no escopo que dão aos conhecimentos técnicos, mas também na relação com a realidade extramuros à universidade. Os professores e alunos se dispõem a se deslocar até as áreas onde vivem as pessoas que serão beneficiadas, o que inclui locais até no interior do Estado do Rio. Há também a preocupação em manter diálogo com cada comunidade que participa dos projetos, não se limitando a ser objeto de estudo, mas contribuem com seus saberes para a elaboração de todas as soluções.

Numa era em que a tecnologia muitas vezes é acusada de roubar empregos, gerar degradação ambiental e até contribuir com o aquecimento global, a proposta do Nides é fugir da falsa neutralidade da racionalidade instrumental e colocar a técnica a serviço do combate às desigualdades sociais e a favor da sustentabilidade. São iniciativas que cobrem os campos da habitação popular, agroecologia, reciclagem de resíduos, software livre, entre outros.

“O campo da tecnologia social não é meramente uma elaboração teórica, que nasceu de algum intelectual. Mas algo que se viu na prática como uma reação, uma resposta a esse modelo de desenvolvimento tecnológico tradicional”, comentou Addor.

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Tecnologia social em prol da sustentabilidade

O trabalho de extensão tecnológica do Nides também é voltado para soluções criativas e inovadoras, que seriam inviáveis para a comunidades e agricultores familiares beneficiados. É caso, por exemplo, de sistema de irrigação para pequenos produtores rurais de Quatis, movido a energia solar, ou fábrica de farinha para agricultores de Macaé. 

“Não é a extensão como um processo de estender o conhecimento mas uma visão nova, com educação popular, diálogo e métodos participativos”, explica o diretor.

O conselheiro do Clube Carlos Ferreira ressaltou o quanto é inovador o trabalho do Nides ao se libertar dos limites das “torres de marfim” da academia e encarar o desafio de buscar soluções para as desigualdades sociais “in loco”. “É uma coisa impressionante a possibilidade de visualizar um trabalho social com viés econômico e de emancipação, os saberes regionais e populares transformados em tecnologia”, elogiou Ferreira, que também coordena o projeto Humanidades na Engenharia.

Para a coordenadora e vice-presidente do Clube Maria Alice Ibañez Duarte, o Nides serve de exemplo para as instituições ligadas à Engenharia, que enfrenta o desafio de dialogar com outros saberes e de adquirir uma face mais humana com uma visão não apenas técnica mas também voltada para os impactos sociais e ambientais dos projetos. “É um exemplo que nos enche de esperança e que precisa ser multiplicado”, concluiu Maria Alice.

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