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Setor de tecnologia procura rearrumação com a escassez de capital

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A Recuperação da Petrobras

Após falência de banco do Vale do Silício, investimentos caem no mercado de inovação brasileiro, criando novos desafios aos projetos

O setor de empresas de tecnologia, que demonstrou nos últimos anos forte pujança, experimentou em 2023 uma crise surpreendente. Houve demissões em massa em big techs e startups, fenômeno que acabou também se refletiu no Brasil. O ápice do abalo do setor foi a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), em março, que era conhecido como o “banco das startups” nos Estados Unidos. A falência foi acompanhada por um enxugamento no financiamento a essas empresas no mundo todo, inclusive no âmbito nacional, e vem desafiando os analistas desse mercado.

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Startups estão aprimorando seus projetos para se adequar ao novo momento. Crédito: Pixabay

Apesar de estarem entre as maiores empresas em valor de mercado do mundo e de sua liderança em seus setores, Meta e Amazon iniciam o ano demitindo funcionários. Os cortes também foram praticados por diversas outras empresas. Ao todo, as big techs dispensaram mais de 100 mil pessoas. No Brasil, startups e até as poderosas fintechs também tiveram um primeiro semestre difícil e com dispensa de funcionários. O exemplo mais emblemático foi o do Nubank, que realizou centenas de demissões após uma reestruturação. São casos que mostram que mesmo sendo negócios que usam intensamente a tecnologia e a digitalização, o que torna suas operações mais eficientes e competitivas, não estão imunes às mazelas enfrentadas pela economia tradicional.

Um dos problemas que levaram à falência do SVB foi o alto nível dos juros nos Estados Unidos, o que não deixa de ser um alerta para as autoridades monetárias brasileiras, que insistem em manter a Selic em nível estratosférico, muito acima da inflação. Houve até o temor de um efeito em cascata no mercado financeiro internacional, como o ocorrido em 2008, mas o pior não aconteceu. No entanto, investidores de risco, que são a principal fonte de recursos para negócios iniciantes, inovadores e que estão testando seu modelo, fecharam as torneiras.

O resultado só não foi catastrófico porque instituições do governo americano agiram rápido no socorro. O Federal Reserve (o equivalente ao Banco Central dos EUA), o Tesouro e a agência federal FDIC garantiram que todos os clientes do SVB teriam acesso a seus depósitos no banco, independentemente do valor. A decisão teve como objetivo evitar um colapso do mercado de inovação tecnológica do país, que atualmente está em concorrência mais acirrada com a China, e coibir um efeito em cascata no sistema financeiro, com a eventual contaminação para outros bancos.

Um balanço feito pela plataforma Distrito mostra que no primeiro trimestre do ano os aportes nas startups brasileiras caíram 86% com relação ao mesmo período de 2022. Nas 91 rodadas realizadas para investidores, houve a captação de US$ 247,02 milhões. O volume é muito inferior ao total investido nos três primeiros meses do ano passado, que foram US$ 1,7 bilhão.

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Empresas de tecnologia devem continuar contratando depois da rearrumação de 2023. Crédito: Pixabay

Os investimentos continuam concentrados em fintechs, que ficaram com a maior parte do valor aportado em startups (US$ 112 milhões). Em seguida ficou o setor de logística, com apenas US$ 51,1 milhões, sendo que o valor foi quase todo destinado a uma única empresa de aplicativo de entregas. Em terceiro no ranking ficaram as empresas de energytech, com US$ 48,6 milhões.

Uma das preocupações que surgem com a queda dos investimentos em empresas de tecnologia é como a geração de empregos é afetada por isso. Como o avanço da utilização de recursos de automação e inteligência artificial, entre outros, afeta a geração de vagas em funções tradicionais e até causa extinção de postos, a ocupação de pessoas em atividades de base tecnológica sempre é apontada como uma solução de contrapeso. Observar essa flutuação é fundamental, portanto, para o desenvolvimento sem danos sociais.

Um importante termômetro dessa tendência é o monitoramento realizado pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC – e de Tecnologias Digitais). Um estudo da entidade, divulgado no ano passado, apontou que haveria no país uma demanda de 797 mil profissionais da área até o fim de 2025, o que representa cerca de 159 mil novos talentos por ano. Apesar das turbulências no mercado, a associação está mantendo sua previsão para os próximos anos.

Segundo o estudo, os empregos nas áreas de TIC, software e TI in house (departamentos de tecnologia que funcionam dentro de empresas mais tradicionais) pagam salários três vezes maiores do que a média. Por isso, a Brasscom tem feito campanhas por ampliação dos investimentos em educação para a formação de um número maior de profissionais que possam atuar em áreas como telecomunicações, onde só por conta da instalação da rede de 5G, mais de 34 mil novas vagas devem ser abertas até 2025.

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