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Tiradentes foi mais um ilustre morador de Copacabana?

Tiradentes foi mais um ilustre morador de Copacabana?
ODS da ONU

Presença do Herói da Inconfidência no bairro carioca foi estudada por pesquisadores

O que Tiradentes foi fazer em Copacabana, mais especificamente na região da Chacrinha? Foi essa a pergunta que despertou o interesse do seleto público que assistiu no último dia 26 de maio à live intitulada “230 anos da morte de Tiradentes – Liberdade e Soberania”. A atividade foi organizada pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) do Clube de Engenharia, suas Divisões Técnicas de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e Recursos Minerais (DRM, atual DGM), bem como o CREA-RJ, SEAERJ e seu Centro Cultural, SENGE-RJ, ASSACLA, AMAVE e o grupo Poesia Simplesmente, com apoio do Parque Estadual da Chacrinha (PEC), Embrapa-Solos e de diversas entidades profissionais e ONGs. Destacamos também a incansável dedicação do conselheiro Ibá dos Santos Silva, chefe da DRNR, para o sucesso desta atividade.

O evento homenageou os 230 anos do martírio de Joaquim José da Silva Xavier, completados no dia 21 de abril passado, e foi aberto pelo Engenheiro Márcio Girão, presidente do Clube de Engenharia; Engenheiro Luiz Cosenza, presidente do CREA-RJ, e a Engenheira Maria Isabel Tostes, presidente do SEAERJ.

A primeira apresentação temática foi realizada pelo geólogo Renato Cabral Ramos, conselheiro do Clube e professor da UFRJ, que destacou a rica geodiversidade do PEC, onde existem em meio à mata diversos muros de “pedra seca” que sustentam plataformas, construídos a partir do final do século XVIII com fragmentos do mesmo gnaisse facoidal (a mais carioca das rochas!), que ocorrem abundantemente no sopé do Morro de São João. As plataformas eram utilizadas para a vigilância (atalaia) da costa, no contexto das fortificações do Reduto do Leme. 

Destacou também a “gruta de Tiradentes”, denominação antiga para uma pequena cavidade sob matacões de gnaisse, que teria sido utilizada pelos militares no passado. A seguir, falou a arqueóloga e professora da UERJ, Dra. Camila Agostini, que desenvolve um interessante projeto de arqueologia histórica e memória oral no PEC. A pesquisadora destacou a presença de africanos escravizados na área, que serviram de mão de obra para a construção das obras de defesa do litoral, inclusive na área do PEC, bem como a ocupação da região do Reduto do Leme por pescadores e chacareiros até o início do século XX, redundando na remoção da pequena comunidade da Chacrinha em 1970, durante a ditadura militar.

Concluiu a parte temática do evento o jornalista André Luís Mansur, pesquisador da história do Rio de Janeiro e coautor do livro “Tiradentes Carioca: As relações dos inconfidentes mineiros com o Rio de Janeiro” (Mansur & Morais, 2017), que abordou a presença do Alferes Xavier na nossa cidade. Destacou que Tiradentes “sentou praça” no Rio de Janeiro no final de 1775, destacado junto com sua companhia de cavalaria para guarnecer a cidade contra uma provável invasão espanhola, servindo então no Forte da Vigia, no Leme, onde permaneceu até 1779.

 A prolongada presença de Tiradentes na região do Reduto do Leme sugere que este transitou por toda a área, desde a ponta do Leme até as atalaias da área da Chacrinha, onde quem sabe descansou na “gruta” que hoje leva o seu nome. Mansur ainda relatou toda a trajetória de Tiradentes em sua segunda permanência capital da colônia durante a Inconfidência, até ser preso em 10 de maio de 1789 e enforcado quase três anos depois.

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Após as apresentações, o público fez diversas perguntas aos palestrantes, mostrando-se surpreso com a rica história da região do PEC e pela presença de Tiradentes na área. Destacamos a presença o vereador Reimont (PT), presidente da Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara, que colocou o mandato à disposição da preservação e revitalização do Parque Estadual da Chacrinha.

A encosta voltada para o mar entre o Forte do Leme e a área do PEC reveste-se de enorme importância para a história de nossa cidade, constituindo uma linha de defesa do litoral implantada a partir do último quarto do século XVIII, guardando diversos monumentos da Engenharia nacional, alguns abandonados e em péssimo estado de conservação. Em abril de 2019, um grande deslizamento iniciado no sopé do Morro de São João, rasgou a mata do PEC e destruiu trilhas e algumas das plataformas históricas.

Conhecer para preservar! Visitem o Parque Estadual da Chacrinha.

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