Realização do evento na cidade tende a facilitar integração do ecossistema local, gerando oportunidades de negócios e a geração de empregos, além de crescimento econômico
O ecossistema de inovação e tecnologia tem como combustíveis a colaboração, a troca de experiências e o aproveitamento de sinergias. Por isso, serviu de grande impulso de desenvolvimento para o setor a realização da Web Summit no Rio de Janeiro, em maio deste ano. O evento reuniu no Rio Centro mais de 21 mil participantes, de 91 países. Quase mil startups fizeram apresentações no local, o que incentivou o fechamento de negócios, investimentos, troca de conhecimento e oportunidades de aprimoramento.
A Web Summit voltará à cidade nos próximos anos e só depois desse ciclo será possível mensurar totalmente os efeitos que o evento trará para a cidade, o estado e o país. No entanto, já são nítidos os ganhos advindos dessa reunião de especialistas e empreendedores. Para fazer um balanço desse resultado, o Encontros com Tecnologia convidou a a professora de Gestão Pública e gestora do Sebrae Marília de Sant’Anna Faria, que fez uma palestra na 26ª edição do projeto do Clube de Engenharia. Segundo ela, parte dos avanços já começou a ser percebida com a participação das startups brasileiras na versão europeia do evento, que ocorre em Lisboa, Portugal.
O apoio do Sebrae e da administração pública para a participação de startups brasileiras na capital portuguesa já serviu de impulso para uma presença mais marcante dos empreendedores nacionais e funcionou como teste para a versão carioca do evento. Ela contou como as palestras e encontros representaram oportunidades para a apresentação de negócios inovadores a grandes empresas europeias. Foi assim que uma startup de conteúdo audiovisual conseguiu fechar negócio com uma rede de hotéis. Até uma montadora alemã iniciou tratativas com empresários brasileiros.
“Foi importante para conhecermos as grandes tendências atuais, que incluem o Metaverso, as criptomoedas, o trabalho remoto, o crescimento dos nômades digitais e a humanização da inteligência artificial. Foi um importante aprendizado”, contou a gestora.
Num evento sobre tecnologia, ela também foi fundamental para que tudo funcionasse perfeitamente e até um aplicativo específico foi desenvolvido para o agendamento de contatos, traduções simultâneas e todo tipo de facilidade para o público. Plataforma semelhante foi utilizada nos três dias de palestras e workshops no Rio.
O fechamento de contratos e a obtenção de financiamentos, na prática, não acontece de forma imediata. Os contatos são importantes, entretanto, para um pontapé inicial das negociações. E o Sebrae também ajudou na assessoria de como obter mais sucesso, orientou na preparação de pitches (apresentações curtas) e até capacitação para se negociar. A instituição mantém plataforma para cadastramento de startups e vai selecionar nova leva para ir a Lisboa em novembro deste ano.
“Houve um impacto não só para quem participou do evento em si, mas também para o turismo e a economia da cidade. O Rio está investindo no Porto Maravalley, onde as startups têm incentivos fiscais, e isso já está estimulando inclusive o mercado imobiliário da região do Porto”, explicou a palestrante.
Para a coordenadora do Encontros, a conselheira vitalícia do Clube Fátima Sobral Fernandes, o evento é uma oportunidade única para o aprimoramento dos conhecimentos e do networking. “A Rio Websummit é um espaço em que encontramos o que há de ponta em cada campo de conhecimento e pessoas que estão pesquisando e produzindo nesse campo. O evento trouxe especialistas de ponta para interagir com os atores do sistema de empreendedorismo brasileiro”, avaliou a Fátima Sobral Fernandes.
Segundo um estudo da agência Invest Rio, o impacto econômico direto da Web Summit Rio vai crescer a cada ano com o aumento da participação de empreendedores. Em 2028, espera-se que o evento movimente mais de R$ 300 milhões. Com o fortalecimento da posição da cidade como hub de tecnologia e inovação, há também tendência de crescimento anual da arrecadação com o ISS de tecnologia. De acordo com o estudo, esse montante pode chegar daqui a cinco anos a R$ 3,6 bilhões num cenário mais positivo ou de R$ 2,9 bilhões numa perspectiva mais conservadora. São dados que reforçam a necessidade de investimentos no ecossistema de inovação local e na integração das diversas instituições e agentes vinculados a esse universo.
